Gripe aviária contamina vacas e leite em três regiões dos Estados Unidos Primeiro caso de H5N1 em ruminantes gera alerta global na pecuária bovina A gripe aviária foi identificada pela primeira vez em gado leiteiro e ruminantes em regal. Vacas testaram positivo para o vírus da influenza aviária de alta patogenicidade (IAAP H5N1), assim como o leite produzido por elas, no Texas, Kansas e Novo México. As investigações estão sendo realizadas pelo Departamento de Agricultura dos EUA (USDA), pela Administração de Alimentos e Medicamentos (FDA), pelos Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), bem como pelos veterinários estaduais e autoridades de saúde pública. Um relatório do USDA afirmou que as investigações ocorrem principalmente entre vacas leiteiras mais velhas que apresentam sinais de doença, diminuição acentuada da lactação, baixo apetite e outros sintomas. A Comissão de Saúde Animal do Texas confirmou que o subtipo da gripe é conhecido como H5N1. Nenhuma morte de vaca foi relatada, no entanto, este último relatório segue notícias recentes de que o vírus foi detectado em uma cabra no estado de Minnesota. Teste aleatório Os testes foram realizados desde segunda-feira (dia 25) em amostras clínicas não pasteurizadas de leite de gado doente coletadas em duas fazendas leiteiras no Kansas e outra no Texas – essas amostras deram positivo para gripe aviária de alta patogenicidade. Com base nas descobertas do Texas, acredita-se que as aves selvagens sejam a causa da gripe aviária no gado. As aves selvagens espalham o vírus através das fezes e secreções orais e, com a migração das aves durante os meses de primavera e verão, há frequentemente um aumento de casos relatados em explorações agrícolas. Segurança alimentar Os testes iniciais realizados pelos Laboratórios Nacionais de Serviços Veterinários não encontraram alterações no vírus que o tornassem mais transmissível aos seres humanos, o que indicaria que o risco atual para o público permanece baixo. O setor de lácteos é obrigado a enviar apenas leite de animais saudáveis para processamento para consumo – o leite de animais afetados está a ser desviado ou destruído para que não entre no abastecimento alimentar. Além disso, a pasteurização do leite torna-o seguro para consumo – os especialistas sublinharam que não há problemas com o fornecimento de leite e que atualmente não há preocupações no que diz respeito à saúde do consumidor. Nos EUA, a perda de leite observada até à data devido ao gado infectado é limitada para ter um grande impacto na oferta e não deverá haver impacto no preço do leite ou de outros produtos lácteos, acrescentou ainda o USDA. Contaminação misteriosa Thijs Kuiken, especialista em gripe aviária e professor do Rotterdam Erasmus, na Holanda, disse a uma agência de notícias da Europa: “É um mistério; porque é que não vimos isto em nenhum lugar da Europa, apesar dos surtos massivos em aves selvagens e domésticas? Isso levanta a questão de saber se os casos foram perdidos aqui”. Segundo ele, o rebanho leiteiro deveria ser testado aleatoriamente para saber se as vacas têm anticorpos contra este vírus da gripe aviária no sangue. “Deveríamos também investigar casos suspeitos de doenças entre vacas nos últimos anos, mas também, por exemplo, quedas repentinas na produção de leite”, argumentou. Gripe aviária Desde 2020, a IAAP H5N1 tem circulado entre aves selvagens, causando regularmente surtos em explorações avícolas por quase todo o mundo, milhões de mortes de animais e danos económicos. Além de milhões de aves, um grande número de mamíferos também morreu em todo o mundo. Na América do Sul, cerca de 32 mil leões marinhos morreram devido ao vírus em 2023. Raposas, mustelídeos, focas e ursos pardos também foram infectados.